Após a demissão de Nelson Teich do Ministério da Saúde, o senador Humberto Costa (PT-PE) fez duras críticas à gestão do presidente Jair Bolsonaro na área. Para o parlamentar, a segunda mudança na pasta em menos de um mês, durante a pandemia da Covid-19, é irresponsável e deve ter graves consequências para o país. Até agora, 14 mil brasileiros morreram por causa do vírus.

Bolsonaro não quer um ministro da Saúde. Ele quer impor a sua visão política sobre a ciência”.

Senador Humberto

Segundo Humberto, como o presidente, não tem projeto, fica procurando soluções mágicas. “Mas qualquer profissional da saúde que tenha a mínima responsabilidade com a sua profissão jamais vai aceitar esse papel. Estamos sem uma política de enfrentamento da pandemia, sem ministro da Saúde e sem presidente da República” afirmou o senador.

O parlamentar, que é ex-ministro da Saúde, alertou sobre os perigos do uso indiscriminado da cloroquina, medicamento defendido pelo presidente como tratamento eficaz para o tratamento da doença. Apesar do entusiasmo político de Bolsonaro cm relação ao uso do remédio, estudos científicos não mostram benefícios da droga para o tratamento da Covid-19. O mais recente, feito pela Universidade de Albany, em Nova York, analisou 1.438 indivíduos com a doença e constatou que a taxa de mortalidade entre as pessoas que usaram a cloroquina foi semelhante aos que não tomaram.

Para Humberto, o fim do isolamento social defendido por Bolsonaro pode ter consequências drásticas para o Brasil. “O presidente, fazendo as vezes de cientista e médico, deseja impor a cloroquina goela abaixo dos brasileiros. Mas o remédio não tem se mostrado eficaz e tem efeitos colaterais seríssimos que podem, inclusive, provocar a morte de pacientes. Ao contrário do que Bolsonaro defende, o único remédio que em todo mundo tem se mostrado eficaz contra o coronavírus é o isolamento social. Se Bolsonaro conseguir colocar fim no isolamento com seu novo ministro da Saúde, teremos uma tragédia sanitária e social no país e o número de mortos pode chegar a mais de um milhão e meio de pessoas”, afirmou o senador.