A uma semana do depoimento do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado sobre os atos ilegais cometidos junto com os procuradores da Operação Lava Jato em Curitiba, o líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE), detonou a credibilidade do ex-juiz e pediu para que ele deponha humildemente aos parlamentares, pois “tem de saber que não há mais toga, mais máscara, nem pedestal”. 

Para Humberto, o Senado receberá Sergio Moro na próxima quarta-feira (19), mas quem prestará depoimento, na verdade, não será mais aquela figura messiânica, revestida de aura imaculada, o verdadeiro semideus, o super-herói da República de Curitiba, como ele se vendia ao Brasil.


“Aqui, pisará uma figura diminuída, acuada, envergonhada, desnudada. Hoje, Moro é refém dos próprios atos e deveria pedir demissão para não se submeter a mais vergonha. Deveria ir cuidar da sua defesa, porque tem muito o que explicar”, disparou. 


O senador avalia ser incompreensível que Moro, que sempre se vendeu como uma vestal, seja pego em um escândalo dessa magnitude e permaneça no cargo como se nada houvesse.

Foto: Roberto Stuckert Filho


“O bastião da ética, que criminalizava a política, está nu. A máscara caiu e o que está por trás é o militante que sempre denunciamos. Moro foi um julgador que se articulou vergonhosamente com os acusadores, indicou testemunhas, mandou substituir procuradores por considerá-los fracos e cobrou a realização de operações. Ele rasgou a Constituição, as leis e os códigos de ética e de conduta para perseguir desafetos”, criticou. 


O parlamentar entende que cabe ao Congresso Nacional investigar “toda essa promiscuidade” havida entre julgador e Estado acusador, que está somente começando a ser apresentada ao país. Humberto garantiu que os senadores respeitarão a lei durante o seu depoimento, e que jamais determinarão a sua condução coercitiva, como um dia “arbitrariamente ele fez com Lula, por razões hoje bastante conhecidas”. 

“O mito chamado Moro acabou. Chegou ao fim da linha. Foi uma grande mentira revelada pela própria Lava Jato. Foi descoberto assim que o Brasil tomou conhecimento das entranhas desse mecanismo montado paralelamente ao Estado para empreender perseguições políticas e destruição de instituições”, resumiu.

O líder do PT no Senado acredita que Sergio Moro é, hoje, um ministro isolado abandonado à própria sorte. De acordo com o parlamentar, o ex-juiz é um fantasma, um sujeito em cárcere público que está preso à cadeira do ministério, refém da própria ambição.

“Ele se agarra desesperadamente ao Ministério da Justiça na esperança de ainda conquistar a vaga que sonhou no STF”, lamentou.

No entendimento de Humberto, a ambição de Moro o cegou a ponto de não o deixar enxergar que acabou, que ele não reúne as condições constitucionais de notável saber jurídico e reputação ilibada exigidas para assumir o cargo de ministro da Suprema Corte.