Humberto pede renúncia de Temer e adiamento de votação da PEC da Maldade

Humberto: "Estamos vendo o governo sendo atingido no seu coração com denúncias extremamente graves". Foto: Alessandro Dantas/ Liderança do PT no Senado
Humberto: “Estamos vendo o governo sendo atingido no seu coração com denúncias extremamente graves”. Foto: Alessandro Dantas/ Liderança do PT no Senado

 
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), fez um apelo nesta terça-feira (13), antes do início da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto de Gastos Públicos em segundo turno, para que o presidente da República, Michel Temer (PMDB), renunciasse imediatamente e que o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), suspendesse a sessão devido ao quadro de grave crise política, institucional, econômica e social pelo qual passa o país.
Segundo Humberto, não é possível aprovar uma medida, agora, que irá prejudicar os investimentos públicos sociais pelos próximos 20 anos e é defendida por um governo fragilizado por denúncias graves de corrupção. “O que o presidente não eleito Michel Temer deveria fazer era renunciar já, diante dos escândalos que o atingem diretamente e que também afetam os seus ministros mais próximos”, disse. “Queremos eleições diretas imediatamente.”
Para o senador, que apresentou requerimento à Mesa Diretora do Senado para adiar a votação da proposta conhecida como PEC do Fim do Mundo ou PEC da Maldade, a maioria dos brasileiros rejeita o governo Temer e a proposta que vai limitar pelos próximos 20 anos os investimentos públicos. O requerimento foi barrado pela base do governo no plenário.
“Temer está pior avaliado do que a presidenta Dilma no momento do impeachment. Estamos vendo o governo sendo atingido no seu coração com denúncias extremamente graves. É óbvio que o presidente e seus ministros não têm condição de levar ao Brasil a lugar nenhum, a não ser ao buraco, quanto mais votar uma proposta que vai valer por duas décadas”, ressaltou.
Humberto acredita que a instabilidade é tão grave que é possível comparar com o momento vivido pelo país em 1964, ano do golpe militar. Ele ironizou o governo ao dizer que a população brasileira não sabe se Temer vai brincar o carnaval de fevereiro de 2017 como presidente do país ou não. “Como esses que estão aí no poder querem definir, agora, a política econômica da nação pelos próximos 20 anos? Isso não é possível. Tínhamos de parar tudo neste momento e convocar eleições diretas para o início do ano que vem”, reiterou.
Humberto avalia que a gravidade da crise também não dará oportunidade para que um presidente biônico, eleito pela Câmara dos Deputados em caso de queda de Temer em 2017, conduza o Brasil. “Continuaremos com o problema da legitimidade. Por isso, senhor presidente, faço apelo a Vossa Excelência, pelo patriotismo e por ser um presidente de Poder, que não coloque essa matéria em votação. Convoque os Três Poderes para pensar uma saída para essa crise”, sugeriu.
O líder do PT também criticou a velocidade com que as sessões de discussões da PEC foram feitas na última semana, excluindo a participação da sociedade, e fez questão de lembrar das manifestações públicas recentes de uma diretora do Banco Mundial e do relator para extrema pobreza e diretos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).
“São opiniões insuspeitíssimas de que a PEC nº 55/2016 é algo ímpar no mundo em termos de retrocessos sociais e também um risco para a política educacional no país”, observou.
Ontem, parlamentares da oposição apresentaram um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que seja suspensa a tramitação da PEC no Senado. O ministro Luís Roberto Barroso, relator da matéria, indeferiu o pedido, mas não excluiu que a consticionalidade da matéria seja discutida na Corte.