Pressionado, Temer recua na ideia de vender a Amazônia, avalia Humberto

 

Humberto avalia que o governo reconheceu o erro só agora, tardiamente, graças às mobilizações vindas de todas as partes do mundo. Foto: Roberto Stuckert Filho
Humberto avalia que o governo reconheceu o erro só agora, tardiamente, graças às mobilizações vindas de todas as partes do mundo. Foto: Roberto Stuckert Filho

 
Encurralado pela opinião pública e por uma forte pressão internacional, o presidente Michel Temer (PMDB) teve de recuar no seu propósito de vender a Amazônia. Para o líder da Oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), a iniciativa tomada pelo Palácio do Planalto de suspender a extinção da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) é a prova mais bem acabada de que o governo não teve força política pra bancar a medida, que autorizava, por um decreto publicado no fim de agosto, a exploração da área por parte de mineradoras.
Crítico da ideia desde então, Humberto avalia que o governo reconheceu o erro só agora, tardiamente, graças às mobilizações vindas de todas as partes do mundo e, principalmente, dos brasileiros. “Rejeitado por mais de 94% da população brasileira, esse presidente fantasma que nós temos desperdiça o tempo do Brasil. Não é mais concebível que permaneça onde está. Chega. É retrocesso atrás de retrocesso”, acredita o senador.
Segundo ele, o risco para a manutenção da Renca ainda existe, já que, entre idas e vindas, o governo pode novamente mudar de ideia. Em nota publicada na noite de ontem, por exemplo, em pleno domingo, o Palácio afirmou que “a reserva não é um paraíso, como querem fazer parecer, erroneamente, alguns”.
O parlamentar ressaltou que, para justificar a venda do patrimônio mais simbólico do país, o governo teve a ousadia de escrever essa nota, em que afirma que, “infelizmente, territórios da Renca original estão submetidos à degradação provocada pelo garimpo clandestino de ouro, que, além de espoliar as riquezas nacionais, destrói a natureza e polui os cursos d ‘água com mercúrio”.
“Ora, se há problemas de exploração ilegal de minério na região, que o governo tome medidas de combate ao crime e resolva a situação de todos os envolvidos. Não dá é para ofuscar os problemas entregando a floresta mais rica do mundo, em termos de fauna e flora, para a iniciativa privada”, explicou.
O decreto extinguia uma área de 46,5 mil km² na divisa entre os estados do Pará e do Amapá. A área, que possui reservas minerais de ouro, ferro e cobre, foi criada em 1984, durante o regime militar.
O líder da Oposição conta que ficará atento aos próximos passos do ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho (PSB), responsável pelo tema. Nesta terça-feira, a pasta deverá publicar no Diário Oficial da União a revogação da extinção da Renca. “Vamos esperar para ver. Não dá para confiar em absolutamente nada do que vem desse governo corrupto e mentiroso”, disparou Humberto.