Temer opera para salvar Cunha, alerta Humberto

Humberto: É preciso ter clareza de que o presidente interino está agindo decisivamente para salvar Eduardo Cunha da cassação. Foto: Alessandro Dantas/ Liderança do PT
Humberto: É preciso ter clareza de que o presidente interino está agindo decisivamente para salvar Eduardo Cunha da cassação. Foto: Alessandro Dantas/ Liderança do PT

 
O recente encontro entre o presidente interino Michel Temer (PMDB) e o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Palácio do Jaburu, e a divulgação de negociações de cargos entre o governo interino e parlamentares no Congresso Nacional deixam clara a tentativa de Temer de salvar o mandato de Cunha. A avaliação é do senador e líder do governo Dilma, Humberto Costa (PT-PE).
“É preciso que tenhamos muita clareza de que o presidente interino está agindo decisivamente para salvar Eduardo Cunha nesse processo de cassação, numa ação descarada que passa, obviamente, pela barganha com deputados para que votem contra o relatório do Conselho de Ética que determina a perda de mandato do presidente afastado da Câmara”, disse o senador em discurso na tribuna do Senado.
O ex-presidente da Câmara foi afastado do cargo por denúncias de corrupção, réu em dois processos no Supremo Tribunal Federal (STF), e teve a sua cassação recomendada pelo Conselho de Ética da Casa. Cunha também foi o principal articulador do impeachment da presidente Dilma na Câmara dos Deputados.
Segundo Humberto, o processo de negociação de votos tem adiado a sanção da Lei de Responsabilidade das Estatais, que tem como objetivo dar mais transparência e aumentar o rigor na escolha de nomes para direção de cargos nas estatais. Temer preferiu segurar a sanção da lei porque está avaliando vetar pontos da norma que tratam, por exemplo, do impedimento de indicações políticas para esses cargos, com a finalidade de atender a nomeações formuladas por parlamentares.
“Está aí nos jornais: em menos de 24 horas, mais de 140 nomeações. É a caneta do governo golpista buscando a viabilidade política por meio do fisiologismo, do empreguismo, da ocupação de cargos públicos na administração direta pelos aliados. Mas não é suficiente. Então, é necessário o uso das diretorias das estatais para pagar essa fatura, em razão de que ele suspendeu a sanção da lei para discutir o melhor caminho de apor vetos que possam garantir porteiras abertas para fazer dessas vagas, poderosas moedas de troca”, questionou Humberto.
O senador cobrou também o governo peemedebista pela política de cortes, que vem atingindo programas sociais. “É um escândalo. É essa a conta do golpe dado contra Dilma, que Temer agora se esmera para pagar. Para acertar essa fatura, não existe ajuste. O ajuste existe é nas costas da população, com a destruição de políticas sociais. Para a quitação dessa malandragem, não há limites”, afirmou Humberto.