Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, o senador Humberto Costa (PT-PE) pediu a abertura de investigação para apurar o uso de perfis falsos por Jair Bolsonaro na tentativa de melhorar a própria imagem nas redes sociais durante o período mais trágico de pandemia no país. Um levantamento feito pela plataforma Bot Sentinel, que analisa publicações nas redes pelos chamados robôs, apontou um aumento de 3.441% nas interações em favor do presidente no mês passado, considerado o pior março da história para o Brasil.

Com os casos de mortos pela Covid-19 fora de controle e a incompetência do governo federal para lidar com a pandemia, Bolsonaro vinha perdendo largo apoio nas redes, e acumulando uma série de investidas negativas contra a sua imagem. Mesmo sem jamais terem deixado de operar, seus robôs chegaram a produzir, dois meses atrás, 1.392 posts. A intensificação da crise, no entanto, levou a equipe de Bolsonaro a aumentar o número de bots em operação para salvar o presidente da enxurrada de menções negativas que invadiu as redes.

Em março, as interações postadas por robôs bolsonaristas saltaram para a estratosférica marca de 49.302, um número quase 3.500% maior do que no mês anterior. A estratégia, que trabalha com operações eletrônicas falsas, típicas das milícias bolsonaristas desde as eleições de 2018, levou a que Humberto recorresse ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União para que o caso seja investigado.

É preciso apurar se há dinheiro público, de alguma forma, investido nisso, seja direta, seja indiretamente, por meio de agências contratadas pelo governo. Se isso feito com dinheiro privado já é algo absolutamente reprovável para um presidente da República, com o dinheiro público, então, é inaceitável”.

Senador Humberto

Para Humberto, seria a prática explícita dos crimes de peculato e improbidade administrativa. “É a demonstração cabal do seu desespero ao ver ruir sua popularidade até mesmo num terreno em que reinava como suas milícias digitais, como as redes sociais”, afirmou.